Ativismo e superação: Conheça a História de Geilhia e Giulia.
Geilhia Almeida é um exemplo para colegas e familiares ao ser ativista dos direitos para crianças com Síndrome de Down. Não é à toa que ela recebeu o reconhecimento da Justiça no Dia Internacional da Mulher pela sua atuação. E a causa disso tudo tem um nome: Giulia Bello, sua filha de três anos. Diagnosticada com Síndrome de Down, a menina começou a receber os cuidados da cardiopediatra Karla Pedrosa quando ela ainda estava no ventre da mãe e tem sido acompanhada na Petitcor desde então.
Após muita luta, a servidora pública federal conquistou algo inédito no Brasil: receber a restituição de Imposto de Renda colocando a escola como despesa médica. “Uma conquista árdua, através de um processo judicial, permeado do desejo de mudar um regulamento administrativo ultrapassado, que não dignifica a pessoa com deficiência da forma como garantido pela Constituição”, destaca. Geilhia reforça que a informação é a maior arma que os indivíduos possuem em todos os aspectos da vida em sociedade. “Pesquiso constantemente as leis voltadas à pessoa com deficiência, fazendo sempre uma interpretação sistemática, de modo a garantir na prática o que já está previsto na letra fria da norma”, explica.
Giulia atualmente frequenta o Jardim 3 e, além de ir à escola desde um ano de idade, faz capoeira e dança na própria instituição de ensino. Aliado ao acompanhamento com a Dra. Karla na Petitcor, a pequena ainda faz terapia ocupacional, fisioterapia, psicopedagogia e fonoaudiologia. “O maior desafio é encontrar o equilíbrio com o objetivo de criar uma filha feliz. Busco vencer sozinha, mas com uma força gigante, criá-la, para um dia ela mesma reconhecer que é capaz de se posicionar e realizar seus próprios sonhos e desejos”.
Quando questionada sobre o maior impacto na sua vida com a chegada de Giulia, ela destaca que mudanças requerem disposição para que as pessoas possam ser capazes de ver além da situação. “Ao receber a notícia de que o seu filho esperado tem Síndrome de Down, em princípio pode assustar tremendamente, mas quando o turbilhão de emoções se acalma, vemos que há muito o que aprender e lutar. Nossa sociedade tem leis fortes, de pouca eficácia, porque a pessoa com deficiência ainda sofre com todo tipo de preconceito. Então essa é a minha bandeira, não se acovardar jamais diante de qualquer sorte de injustiça ou desrespeito”.
Geilhia aproveita para deixar um recado aos pais, sobre a importância de se informarem com os demais em situação semelhante, participar de grupos de apoio e perguntar diretamente sem medo ou receio de se expor. A mãe é uma das que usam o benefício para a compra de carro com IPI reduzido, garantido por lei para pessoas com deficiência. “Compartilho minha luta através dos grupos que participo ou individualmente. Tenho enorme satisfação ao ver o direito pulsar como um coração feliz”, resume.