Obesidade Infantil
Sobrepeso e obesidade infantil: papel do Cardiologista Pediátrico
Considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade atinge 42 milhões de crianças com menos de 5 anos pelo mundo e vem aumentando nas últimas décadas. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), uma em cada três crianças estão acima do peso. O aumento também aconteceu entre os adolescentes, que em quatro décadas passaram de 3,7% com sobrepeso para os atuais e preocupantes 21,7%. Com o avanço do mundo moderno, o crescimento vertical das cidades e a progressão da violência, as crianças perderam muito da liberdade de brincar livremente nas ruas. Uma pesquisa feita no Brasil pelo Ministério dos Esportes mostrou que a prática de atividade física geralmente se inicia entre 6 e 10 anos, mas cerca de 27% abandonam as atividades até os 15 anos, tornando-se sedentários.
Também do ponto de vista alimentar os hábitos das crianças mudaram muito. O aumento do consumo de alimentos industrializados, calóricos, gordurosos e ricos em sal, aliado a uma vida sedentária, trouxeram para a infância doenças que antes só eram vistas na meia-idade, como diabetes e hipertensão.
A hipertensão arterial é uma doença silenciosa que, nos últimos anos, afeta cada vez mais crianças e adolescentes, principalmente associada a obesidade ou excesso de peso. É também um fator de risco importante de doença cardiovascular e de doença renal terminal, daí a importância do diagnóstico, tratamento e prevenção. É extremamente importante a realização de um exame simples, que é a medida da pressão arterial. Todas as crianças a partir dos três anos devem ter sua pressão arterial medida pelo menos uma vez por ano, e esse índice precisa ser acompanhado de perto, caso o paciente seja obeso. Caso haja aumento, devem ser encaminhados para acompanhamento com um Cardiologista Pediátrico. Quanto antes a hipertensão for diagnosticada, menor a chance de complicações renais e cardíacas na idade adulta. Após ser realizado o diagnóstico de hipertensão, o tratamento é individualizado. Na maioria das crianças e adolescentes em que a hipertensão está ligada à obesidade e ao sedentarismo, e quando não há complicações, a adoção de hábitos saudáveis como diminuição do consumo de sal, de carboidratos, perda de peso e atividade física regular ajudam muito no controle da pressão. Quando há necessidade de medicação, o tipo será escolhido de acordo com fatores como idade, peso, ou outras eventuais doenças que o paciente já apresente.
Realizar uma mudança profunda nos hábitos de vida é o melhor modo para combater a obesidade e suas potenciais complicações, como a hipertensão e diabetes, tanto em crianças como em adolescentes. Porém, essa é uma tarefa que precisa ser realizada com o apoio de familiares e pessoas próximas, principalmente reforçando o exemplo através de uma alimentação saudável e exercícios físicos regulares.
Autor: Dra. Daniela Costa - Cardiologista Pediátrica CRM:12688