O que é Refluxo Gastroesofágico?
O refluxo gastroesofágico (RGE) é um processo fisiológico que consiste no retorno do conteúdo do estômago para o esôfago, podendo atingir, a faringe, a boca e as vias aéreas superiores.
QUANDO SURGE?
Ocorre em até 60% de todos os lactentes, iniciando-se antes dos 2 meses de vida, com número de episódios variável (5% dos lactentes apresentam seis ou mais por dia). O número e volume dos episódios de regurgitação (“golfadas”) aumentam entre dois e quatro meses e diminuem progressivamente com o aumento de idade. Há resolução dos sintomas até o primeiro ano de vida em 90% a 95% dos casos.
POR QUE O REFLUXO É COMUM EM BEBÊS?
O RGE ocorre devido à imaturidade funcional do aparelho digestivo nos primeiros 12 meses de vida, que regridem com o desenvolvimento. Essa imaturidade faz com que a válvula (esfincter esofágico inferior) que impede a volta do conteúdo gástrico para o esôfago fique mais tempo relaxada o que facilita o retorno do que foi ingerido. Além disso o bebê tem dieta predominantemente liquida e fica a maior parte do tempo deitado, o que facilita os episódios principalmente a noite. Conforme a criança começa a ficar em posição vertical e ingerir alimentos mais sólidos, o refluxo tende a diminuir.
QUANDO SUSPEITAR DE DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFAGICO?
A maioria dos bebês apresenta o refluxo gastroesofágico fisiológico, que é um distúrbio funcional gastrintestinal transitório e não afeta o bem-estar. Mas existe a doença do refluxo gastroesofágico, caracterizada quando o RGE causa manifestações clínicas de gravidade variável associadas ou não a complicações com a esofagite. Os sinais de alerta são dor, irritabilidade, recusa de alimentos, vômitos intensos, ganho de peso insuficiente e manifestações respiratorias como tosse, pigarro, dor de garaganta e infecções de repetição. A diferenciação entre refluxo fisiológico do lactente e DRGE no lactente deve ser feita pela história e exame clínico minuciosos feito por profissional capacitado que determinará se o lactente necessita ou não de tratamento medicamentoso, investigação laboratorial, radiológica e/ou endoscópica.
COMO TRATAR?
No caso do refluxo fisiológico devem ser feitas medidas posturais e orientações dietéticas. Após as mamadas o bebê deve ser mantido em posição vertical pelo período de 20 a 30, o que facilita a eructação (“arrotos”) e o esvaziamento do estômago, diminuindo os episódios de regurgitação. Na hora de dormir, o lactente deve permanecer de “barriga para cima”, com a elevação da cabeceira entre 30 e 40 graus. Além das medidas posturais, a correção dos erros de técnicas de amamentação, o uso de fórmulas espessadas (anti-regurgitação) e fracionamento de dieta podem ser benéficos em pelo menos 60% dos casos leves e moderados, sem necessidade do uso de medicamentos. No caso de sinais e sintomas de doença do refluxo gastroesofágico deve-se procurar atendimento especializado para avaliar necessidade de realização de exames e indicar o melhor tratamento para o bebê.
Bibliografia:
Regurgitação do lactente (Refl uxo Gastroesofágico Fisiológico) e Doença do Refluxo Gastroesofágico em Pediatria, Departamento Científico de Gastroenterologia Sociedade Brasileira de Pediatria, 2017