Consulta médica por aplicativos ou telefone, pode?
O avanço da tecnologia veio ajudar a tornar as tarefas do dia a dia mais ágeis e descomplicadas. Ninguém duvida. Por isso, quando surge uma lesão de pele na criança, ou você recebe os resultados dos exames solicitados pelo pediatra, parece lógico tirar algumas fotos e solicitar uma rápida consulta médica por aplicativos ou telefone, não é mesmo?
Embora inicialmente essa pareça uma boa solução, acredite, fazer consulta médica por e-mail ou telefone não só não é uma boa ideia, como pode trazer complicações tanto para o médico como para o paciente.
Por que não posso fazer consulta médica por aplicativos ou telefone?
Para responder à sua mensagem, o médico precisará, ainda que momentaneamente, interromper o que está fazendo para se concentrar no seu caso.
Como cada profissional costuma ter um grande número de pacientes, é possível que ele precise lidar com um número alto de mensagens, que demandam um tempo maior para serem respondidas adequadamente e dificultam a concentração.
Isso acaba prejudicando o fluxo de atendimento e impede que ele dê toda atenção que os pacientes precisam e merecem receber quando agendam uma consulta na clínica.
Pode gerar problemas de comunicação e interpretação.
Por melhor que seja o serviço de internet, ele está sujeito a falhas. Por isso, pode ser que as suas mensagens não cheguem ao profissional com a urgência necessária, ou que tanto suas dúvidas quanto as respostas cheguem truncadas, gerando problemas de comunicação e interpretação.
Por isso, procure sempre deixar para tirar as dúvidas presencialmente, durante a consulta médica. Uma boa ideia é ir anotando em um local de fácil acesso, como o celular, todas as questões que forem surgindo, para que você não se esqueça de nada no próximo encontro.
Além disso, também existe a possibilidade de que o médico esteja em um local com rede instável, sem acesso à internet ou mesmo com o celular desligado.
Em alguns casos, esperar por respostas via e-mail ou telefone pode trazer sérias complicações para a saúde dos pequenos. Por isso, como não podemos avaliar à distância se o problema tem gravidade, o ideal é levar a criança imediatamente ao serviço médico de emergência e não confiar nesse tipo de comunicação para resolver o problema.
Também é importante lembrar que, geralmente, você vai precisar de documentos como atestados médicos ou receitas de medicamentos, e eles não são válidos quando enviados por meio eletrônico.
É proibido pelo Conselho Federal de Medicina.
No artigo 37 no Capítulo V do Código de Ética Médica, o Conselho Federal de Medicina proíbe diagnósticos, consultas e prescrições por qualquer tipo de meio de comunicação, incluindo o telefone, aplicativos e e-mail, já que acredita que a consulta médica presencial é insubstituível.
“ Art. 37. Prescrever tratamento e outros procedimentos sem exame direto do paciente, salvo em casos de urgência ou emergência e impossibilidade comprovada de realizá-lo, devendo, nesse caso, fazê-lo imediatamente depois de cessado o impedimento, assim como consultar, diagnosticar ou prescrever por qualquer meio de comunicação de massa.
§ 1º O atendimento médico a distância, nos moldes da telemedicina ou de outro método, dar-se-á sob regulamentação do Conselho Federal de Medicina.
§ 2º Ao utilizar mídias sociais e instrumentos correlatos, o médico deve respeitar as normas elaboradas pelo Conselho Federal de Medicina”.
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Excepcionalmente, o profissional poderá orientar por telefone pacientes que já conheça e para os quais já prestou atendimento presencial para esclarecer dúvidas simples, como em relação a um medicamento prescrito, por exemplo.
Mesmo nesses casos, é importante ter bom senso. Nunca é demais lembrar que os médicos, precisam de concentração para lidar com os pacientes, e nem sempre conseguem manter-se conectados às redes sociais durante a maior parte do dia.
Diante disso, você pode ver que, apesar de parecer prático, fazer consulta médica por e-mail ou telefone não é uma boa ideia! Tire todas suas dúvidas presencialmente e, se o problema for emergencial, leve a criança ao serviço de emergência!